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quarta-feira, 7 de maio de 2014

Atire..., por Anderson Borges

Atire o primeiro verbo
Quem nunca se sentiu meio indigente
Sem função nem posição no cosmo
Enxergando o mundo como uma enorme detenção


Atire a primeira antítese
Quem ao menos uma vez não viu razão na razão dos homens
Quem não quis um dia voltar ao passado de nossa espécie
E vagar livremente sem leis e ambições para nos limitar


Atire a primeira praga
O crente que nunca duvidou de seu deus
O filho que nunca afrontou o pai
E o pai que nunca desejou a inexistência do filho


Atire a primeira moral
Que nunca quis se ver livre de pudor
Quem nunca se viu na sociedade uma enorme prisão
Onde sofisticamos nossos meios de nos imputar a dor



Anderson Borges

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